quarta-feira, 9 de março de 2016

"Transcende gerações": estudiosos do futebol cearense falam sobre Gildo

Gildo, ex-atacante do Ceará (Foto: Divulgação/Cearasc.com)
Gildo, ex-atacante do Ceará (Foto: Divulgação/Cearasc.com)
Nesta quarta-feira (9), o futebol cearense perdeu um dos grandes jogadores da história. Gildo, teve parada cardiorrespiratória e morreu pela manhã. O "Pernambuquinho" chegou na década de 60 ao Estado e virou ídolo do Ceará, além de ser o maior artilheiro. Ciro Câmara e Pedro Mapurunga, pesquisadores do futebol, falam um pouco do que representa o legado do craque que brilhou na geração de ouro.
Seis jogos de Gildo não foram computados por falta de registros 
De acordo com Pedro Mapurunga, a contagem de gols do artilheiro está em 261 tentos. No entanto, a conta pode aumentar. Amistosos realizados pelo Ceará entre 1963 e 1964 ainda não foram contabilizados.
- Cerca de seis jogos que nós temos os resultados, mas não temos as fichas. Foram amistosos que o Ceará fez no Suriname e na Guiana Francesa. Havia um repórter acompanhando o time, mas por algum motivo ele precisou voltar. Então, não tivemos registros. Entramos em contato com a biblioteca de lá, mas não colaboraram muito. Nosso intuito é visitar o Suriname para conseguir essas informações - disse Mapurunga.
O atacante foi responsável direto pela conquista do Norte-Nordeste, de 1969, liderou o time no terceiro lugar da Taça Brasil de 1964) e, no final da carreira, fez o gol que garantiu a vitória do Alvinegro diante do Fortaleza, no Cearense de 71. Na época, o Vovô venceu a primeira partida (com gol de Gildo) e empatou as outras duas.
- Ele é para o Ceará o que o Pelé é para o Santos. É o artilheiro dos jogos decisivos. Nos grandes clássicos e nos momentos difíceis ele se sobressaía. Ele é o maior artilheiro em jogos do Ceará com o Fortaleza. Em 1961 e 1963 foi artilheiro e em 1962 foi vice, com uma média recorde, em quase todo campeonato da história, com 29 gols - lembra Pedro Mapurunga.

Ciro Câmara, jornalista e pesquisador do futebol cearense, relembra histórias de Gildo em campo e destaca características do atacante que fez parte da época de ouro do futebol no Ceará.
- Ele foi um jogador da década de 1960 e início de 1970. Era um período em que não haviam tantos recursos audiovisuais, algumas gravações de rádio. E mesmo assim, ele consegue ser tido como o maior ídolo do Ceará, inclusive por quem não o viu jogar. Isso é raro, não temos caso parecido com esse. Geralmente, ídolos são dos anos 1980 e 1990 porque já haviam recursos para identificar - analisa Ciro.
O talento de Gildo era eminente e não passava despercebido. Sem muitos registros, as histórias do ídolo alvinegro são relembradas e recontadas por quem acompanhou a carreira do ex-jogador.
- Ele não fica atrás de Sérgio Alves, de Magno Alves, Mota... Ele é tido como ídolo mesmo por quem não o viu jogar. Era jogador de primeira grandeza no Ceará. Impressionante como a identificação dele com o clube transcende gerações. É o respeito que o torcedor do Ceará tem por ele, por tudo que ele fez.
Ciro lembra que Gildo tinha a característica de sempre aparecer em momentos decisivos para o Vovô.
- Quando o Ceará estava disputando o título do Norte-Nordeste contra o Remo, precisava vencer o segundo para forçar o terceiro jogo. Venceu por 3 a 2, quando ele marcou no último minuto, e o outro ganhou por 3 a 0. Ele chegou com um Ceará em crise. Depois, o time foi tricampeão. Aí, ele foi para o América-SP e o Ceará passou sete anos sem ganhar título. Pela pressão da torcida, ele foi repatriado e o Ceará foi campeão estadual em 1971, com esse gol de cabeça que dizem que foi do meio do campo - conclui.

Por Crisneive Silveira
Fortaleza, CE

Nenhum comentário:

Postar um comentário