quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Por onde anda Tangerina, o velho Tanja?

Tangerina recentemente no encontro de ex-atletas do Ceará Sporting Club
O velho Tanja como era conhecido o lateral-esquerdo Tangerina, jogava viril, mas segundo ele nunca contundiu nenhum  companheiro de profissão. “Falavam muito que eu jogava duro, mas isso não era verdade. Sempre gostei de chegar junto do adversário, pois estava defendendo o pão de cada dia. Numa dividida com o Mesquita, eu no Nacional e ele defendendo o Fortaleza, ocorremos que ele sentiu um problema de joelho. Vale salientar que os dois entraram na bola, sem maldade nenhuma por minha parte. Sendo este o único caso que marcou a minha carreira quanto a problema de contusão. Eu respeitava muito os adversários e gostava de jogar na bola. Assim eu aconselho a todos os atletas de hoje. Joguem na bola e nunca visado o adversário, pois lembre que ali tem um companheiro de profissão e nunca um inimigo”, confessa relembrando com alegria sua carreira.


DECEPÇÃO - A sua maior frustração como jogador de futebol o correu em 1965. Ele fala na maior simplicidade que foi convocado para a Seleção Cearense que enfrentou o Peñarol do Uruguai, mas no treino de apronto teve uma contusão que o tirou do jogo. “Ali seria a oportunidade para que eu despontasse e aparecesse para todo o Brasil. Infelizmente, no coletivo, senti a contusão e fiquei na relação, mas não participei deste jogo que sabia que era muito importante para a minha carreira. Tive que me conformar, tratar da lesão e trabalhar para que aparecesse uma outra oportunidade”.

O destino o colocou no Ceará em 1966. Começou como meio-esquerda, mas teve que ser deslocado para a lateral e se adaptou bem a nova posição e acabou defendendo, durante três anos, o Alvinegro.
Mesmo jogando num time grande passei por vexames. Naquela época já existia o atraso salarial. E quando era liberado um vale, a imprensa noticiava que o Ceará havia pagado e daí os cobradores batiam na nossa porta. Eu era recém-casado e pagava aluguel. Quando o dono do imóvel ouvia no rádio a notícia chegava na hora do almoço cobrando o que eu estava lhe devendo. Era difícil dizer para ele que tinha sido apenas um vale.

Mas conseguíamos viver e lutar dentro de campo, pois jogávamos por amor e nunca pelo dinheiro “.

Segundo Tangerina sempre entrava no lugar de Expedito Chibata que jogava na ponta-esquerda, mas atuando como lateral e Carneiro indo para a ponta. Segundo ele, o time ficava mais ofensivo.

“Era uma equipe muito forte e jogava o fino da bola, pois contava com atletas como Haroldo Castelo Branco, Gildo, Pedrinho Cruz, Mangaba, Marcos Aurélio e William. Era um timaço. Infelizmente tudo foi desfeito devido a um jogo Ceará x Fortaleza no qual houve uma grande confusão que muito repercutiu. Assim, William e Haroldo Castelo Branco ficaram impossibilitados de jogar por determinação do comando do Exército. Depois o Ceará negociou Gildo e Marcos Aurélio para o América de São Paulo. Além do mais, Ivonísio Mosca de Carvalho deixou o Ceará, chegando o húngaro Janos Tratay para substituí-lo. Tudo foi diferente”.

CRÍTICA - Tangerina afirma que esta desorganização administrativa do Ceará não é de hoje. Para ele é uma herança maldita da década de 60, quando o clube ficou sete anos sem conquistar um título estadual e com muitos problemas internos.

“Em 1966 o time ficou acéfalo, pois o presidente foi assistir a Copa do Mundo e deixou tudo entregue às baratas. Foi um período muito ruim e passamos dificuldades internas e no campo. Então resolvi sair e fui defender o Somda - uma equipe suburbana - onde fiz um bom contrato”.

OPORTUNIDADES - Quando foi escolhido a revelação do Campeonato Cearense, Tangerina acabou sendo pretendido pro vários clubes, tendo recebido proposta para defender o Esporte Clube Bahia, Sport Club de Recife, e Santa Cruz devido suas boas atuações.

“A minha imaturidade fez com que eu continuasse no futebol cearense. Se fosse hoje tenho certeza de que a transferência teria acontecido naturalmente. Tudo isso, ocorreu devido as minhas atuações em Recife e Salvador. Eu graças a Deus fui um atleta que tinha um bom condicionamento

físico e gostava de apoiar, tendo sempre incentivado a William, Zé Mario e Pedrinho, do Ferroviário a fazer o mesmo, pois comecei a ver espaço para apoiar. Como era meia, tinha essa facilidade de chegar ao fundo e fazer cruzamento”.

CARREIRA – Tangerina iniciou sua carreira na equipe amadora do Independência, clube que disputava a Segunda Divisão, e como jogador profissional no Nacional de 1963 a 65. Depois ingressou no Ceará Sporting Club, de 66 a 68. Defendeu também o extinto Somda (68) Calouros do Ar (69/70), América (70), Parnahyba (PI), sendo um dos seus fundadores e acabou por encerar a sua carreira no Icasa, em 1971.

Tangerina conseguiu apenas ser vice-campeão do Norte/Nordeste defendendo o Ceará Sporting Club. Pelos times menores, conquistamos outros títulos como o Torneio Tuiutí, promovido pela Federação Cearense de Desportos, à época.

APELIDO – Quando jogava no Nacional, foi uma excursão de trem, quando passou em Baturité comprou um cesta com a fruta tangerina. Os companheiros roubaram enquanto ele pagava a conta e teve que comprar outra e foi até o destino saboreando a fruta. Daí para frente ficou conhecido como Tangerina.

ATUALMENTE – Tangerina é veterinário aposentado, casado com Francisca Alves e tem três filhos. A mais velha é Fabiana, formada em Letras, Fabrícia que faz Agronomia e o Fabiano que joga futebol nas categorias de base do Tiradentes e pretende seguir a carreira do pai, Veterinária.

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